Associativismo e cooperativismo aumentam a competitividade dos pequenos negócios «Voltar
Responsáveis pela geração de mais de 90% dos empregos formais no setor privado, as micro e pequenas empresas vêm enfrentando algumas dificuldades em função do atual cenário econômico, entre elas, os entraves no acesso ao crédito. O problema não está na falta de recursos, mas em sua efetiva concessão. Neste contexto, cooperação e associativismo vêm se destacando como métodos capazes de promover o desenvolvimento e aumentar a competitividade dos pequenos negócios.

O assunto foi amplamente debatido durante palestra que abordou o tema “Associativismo e cooperativismo: a força dos pequenos negócios no acesso ao crédito”, conduzida pelo consultor do Sebrae Nacional e ex-diretor técnico da entidade, Carlos Alberto dos Santos, nessa semana, em São Lourenço do Oeste. O evento reuniu mais de 300 pessoas entre empresários, futuros empreendedores, colaboradores do sistema cooperativista e estudantes.

De acordo com o palestrante, as empresas que se mantiverem isoladas terão maiores dificuldades em enfrentar os desafios do mercado. “Estamos vivendo momentos de incertezas econômicas. Se, por um lado, os pequenos negócios são a maioria, por outro, ao trabalhar individualmente tornam-se frágeis. Estes percalços podem ser superados a partir da associação/cooperação, pois ao manter relações de parcerias, os empreendimentos terão enorme força econômica, social e política”, destacou.

Carlos Alberto enfatizou, ainda, que o desafio é identificar a sinergia em termos de interesses comuns. “Empresas cooperam para resolver o que não conseguem fazer sozinhas. Nos últimos anos desenvolveu-se uma solução financeira que prevê contratos de garantias aos pequenos negócios”, mencionou ao falar sobre a criação das Sociedades de Garantias de Crédito (SGCs).

Caracterizadas como iniciativas de caráter privado que visam complementar as garantias exigidas aos associados nas operações de crédito junto ao sistema financeiro, as SGCs também fornecem aval técnico, comercial e assessoria financeira. Elas não realizam empréstimos ou financiamentos, mas prestam garantias (aval ou fiança) nas operações de suas associadas com as instituições financeiras.

 Segundo Carlos Alberto, existem sociedades em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais, entre outras iniciativas em fase pré-operacional. Criada em 2014, a SGC do oeste catarinense foi consolidada por meio da participação do Sebrae com aporte de recursos e apoio técnico, da Facisc, associações comerciais e Grupo Sicoob. “São diferentes experiências, no entanto, todas têm em comum o fato de oferecer aos associados garantias para acessar crédito de forma mais barata. Após entrar em operação, de modo geral, passam por processo vertiginoso de crescimento”, afirmou.

A Garanteoeste/SC, na visão do consultor do Sebrae, tem grande potencial para oferecer aval de operação de crédito, o que facilita o acesso a serviço financeiro e, com redução de custos. Os resultados, em apenas sete meses, mostram indicadores que superaram as expectativas. Até o último dia 24, de acordo com o presidente Sérgio Perondi foram aprovadas 88 cartas de crédito com valores que representam R$ 2,6 milhões de garantia da Garanteoeste/SC, juntamente com as instituições cooperativas do Sicoob. “Estas 88 cartas, que representam R$ 2,6 milhões de garantia, viabilizaram a liberação de recursos no montante de R$ 3,9 milhões de crédito aos empresários”, completou o diretor executivo do Sicoob Noroeste e membro do Conselho de Administração da entidade, representando a Associação comercial de SLO (Acislo), Gilmar Aristeu Bazzo.

Carlos Alberto destacou que embora seja uma das mais novas, a Garanteoeste já demonstrou neste curto período o potencial da proposta, o que reflete o dinamismo da cultura local e, principalmente, o engajamento, seriedade e profissionalismo das lideranças envolvidas com a SGC.  Outro aspecto importante abordado destacado pelo consultor do Sebrae foi a questão da regulamentação das SGCs como cooperativas de Garantias de Crédito. Definidas legalmente como Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), as SGCs deverão ser incluídas no Sistema Financeiro Nacional para serem regulamentadas pelo Banco Central. Dessa forma, uma resolução do Conselho Monetário Nacional desencadeará no processo de transição de SGCs para Cooperativas.

EVOLUÇÃO
Conforme Bazzo, a Garanteoeste/SC representa o segundo maior fundo de garantia formado por R$ 7,5 milhões do Sebrae e Sicoob. “Isso proporciona uma alavancagem de garantia para operações de crédito no primeiro ano de R$ 15 milhões e, até cinco anos, de R$ 75 milhões, o que viabilizará mais de R$ 100 milhões de crédito para as empresas. Em números de cartas e valores,  somos a quarta no país, com somente sete meses de operação. Hoje, temos 12 instituições financeiras recebendo a Carta de Garantia conveniada com a SGC. Operamos com garantia para cartão BNDES e outras operações com recursos do BNDES via instituições financeiras conveniadas do sistema Sicoob”, explicou. 

São beneficiadas empresas das seguintes categorias jurídicas: empreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, do ramo do comércio, serviço e indústria.

O presidente da Facisc, Ernesto João Reck, disse que o evento mostrou que as pessoas estão dispostas a fazer o diferente e parabenizou a grande participação do público. “Nós menores temos uma saída: somar para sobreviver”, enfatizou Reck explicando que as microempresas precisam estar unidas para terem força e vencerem no mercado.

O coordenador regional Oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, assinalou que a palestra representou mais uma iniciativa para consolidar o empreendedorismo e auxiliar no desenvolvimento dos pequenos negócios do oeste. “Carlos Alberto dos Santos trouxe contribuições significativas para promover o associativismo e o cooperativismo, apresentando uma abordagem importante sobre acesso ao crédito”ressaltou.

Para o presidente do conselho de administração do Sicoob Noroeste, Artêmio José Flach, “não somos somente uma instituição financeira de crédito que vende dinheiro. Temos princípios e um deles rege sobre a educação, formação e informação”. Destacou ainda outras parcerias que estão sendo feitas com o Sebrae nos municípios da região Noroeste de Santa Catarina e também no Sudoeste do Paraná.

O evento foi promovido pelo Sebrae/SC, Sicoob Noroeste, Sociedade de Garantia de Crédito (Garanteoeste), Facisc, com apoio de entidades empresariais, Associações de Micro e Pequenas Empresas e núcleos setoriais como o do Micro Empreendedor Individual, do Jovem Empreendedor e da Mulher Empresária de toda a região oeste catarinense.

ENCADEAMENTO PRODUTIVO
Durante o evento, duas cartas de garantia de crédito foram assinadas, uma para um empresário de Abelardo Luz e outra para São Lourenço do Oeste, sendo que esta foi para uma empresa que participa do Encadeamento Produtivo. Com a assinatura de uma carta para Abelardo Luz, o Sicoob Noroeste atinge todos os municípios de sua abrangência.

Considerado o maior programa de estímulo ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas ligadas ao agronegócio do sul do Brasil, o Encadeamento Produtivo visa desenvolver e aperfeiçoar as pequenas empresas integradas na cadeia produtiva capitaneada pela Cooperativa Central Aurora Alimentos. A iniciativa é do Sebrae/SC em parceria com a Aurora Alimentos, Senar, Sescoop, Sicoob, Fundação Aury Luiz Bodanese e oito cooperativas agropecuárias – Cooperalfa, Itaipu, Auriverde, Coolacer, Copérdia, Caslo, Cooper A1 e Coopervil.