O governo garantiu o repasse de R$ 55,7 bilhões em crédito rural
com juros controlados (mais baratos) para financiar operações de custeio e
comercialização entre julho e dezembro de 2015. É um crescimento de mais de 12%
ante os R$ 49,5 bilhões de igual período de 2014. Os dados foram divulgados
nesta quinta-feira (14) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) e fazem parte do balanço do financiamento agropecuário na
safra 2015/2016.
Esse
total de crédito controlado para custeio (financiamento para viabilizar o dia a
dia operacional de lavouras) e comercialização envolve repasses feitos por
diversos agentes: bancos públicos, privados, cooperativas de crédito, bancos de
desenvolvimento e agências de fomento.
Os
bancos públicos, entretanto, foram os protagonistas no crédito rural e
cresceram mais que as demais instituições no financiamento agropecuário.
Sozinhos, os bancos públicos concederam R$ 34,9 bilhões em crédito com juros
controlados para operações de custeio e comercialização no segundo semestre do
ano passado, o que representa um aumento de 33% em relação ao total concedido
em igual período da safra anterior (R$ 26,1 bilhões).
Ou seja, a participação dos bancos públicos no crédito
controlado para custeio e comercialização atingiu fatia de 62% do total no
segundo semestre do ano passado, ante 52% em igual período de 2014.
Dados gerais
A
estimativa total de crédito para o Plano Safra 2015/2016, considerando as
operações com juros controlados, e dos bancos privados, com taxas livres, é
de R$ 187,7 bilhões, incluindo custeio, comercialização e investimentos.
Segundo o Mapa, o agronegócio brasileiro utilizou parcela de R$ 76,5 bilhões
desse total entre julho e dezembro do ano passado. São números que impulsionam
o Brasil rumo à colheita recorde de 210 milhões de toneladas de grãos até
julho, quando termina a atual safra.
No
geral, entre bancos públicos e privados, a linha de custeio (financiamento para viabilizar o dia a
dia operacional de lavouras) já movimentou R$ 51,3 bilhões. Para a
comercialização foram destinados R$ 12,2 bilhões. O crédito para investimento
chegou a R$ 13 bilhões.
O
ministro interino da Agricultura, André Nassar, avaliou que o desempenho dos
bancos públicos tem sido positivo em meio ao cenário adverso da economia e que
o nível de financiamento tem se mantido estável. “A gente priorizou o aumento
de custeio e isso está se concretizando com o aumento da produção. Demonstra
que a agricultura segue confiante”, disse.
O
atual cenário da economia e a queda no preço das commodities agrícolas no
mercado internacional explica a queda no repasse do Plano Safra 2015/16 para
investimentos. Nesse segmento, o aporte somou R$ 13 bilhões entre julho e
dezembro, ante R$ 20,4 bilhões no mesmo intervalo de 2014/15
“Os
produtores estão reduzindo seu apetite por investimento nesta safra”,
considerou Nassar. Por isso, a estimativa é de aumento no crédito para
custeio neste semestre. “O custeio controlado pode até aumentar em relação ao
que a gente tinha programado”, indicou o ministro interino.
No
caso dos bancos privados, custeio e comercialização receberam 139% mais
recursos entre julho e dezembro. Foram R$ 4,14 bilhões em crédito com juros
livres no segundo semestre de 2015, ante R$ 1,7 bilhão em igual período do ano
agrícola anterior. “Os bancos privados priorizam comercialização ao custeio da
safra. Neste momento de risco da economia como um todo, faz sentido os bancos privados
operarem mais na comercialização”, observou Nassar.
A
maior dificuldade dos bancos privados para expandir a oferta de crédito
agrícola envolve a operação de Letras de Crédito Agrícola (LCA), mecanismo que
foi inserido neste ano como parte do plano safra, com a expectativa de
movimentar R$ 30 bilhões. Os bancos operaram apenas R$ 1,1 bilhão em LCA.
“Operar com a exigibilidade da LCA é algo que os bancos ainda estão
aprendendo”, afirmou.
O
ministro interino afirmou que o ritmo mais lento das instituições privadas no
crédito rural pode dificultar a execução do total de R$ 187,7 bilhões previsto
para o Plano Safra 2015/16. Ele assegurou, contudo, que o governo trabalha para
empenhar a sua parte de R$ 134 bilhões em financiamentos com crédito
controlado. “O que tem de ser cumprido é o que a gente coloca em juro
controlado. Com juros livres, é o banco (privado)
que vai decidir”, disse Nassar.
Fonte:
Ministério da
Agricultura