COCAMAR: Qualidade física do solo é avaliada na região da cooperativa em parceria com a Embrapa «Voltar

O trabalho é inédito no Brasil: em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Cocamar está avaliando a qualidade física do solo em toda a sua área de atuação, nas regiões noroeste e norte do Paraná, oeste de São Paulo e sudoeste do Mato Grosso do Sul.

Metodologia - A metodologia, conhecida como DRES (Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo), foi aperfeiçoada pela Embrapa para as condições de solo da região e desde o início do ano vem sendo testada a campo pela equipe técnica da Cocamar, numa iniciativa que envolve 110 cooperados selecionados em todas as unidades. O trabalho deve ser concluído em junho, quando será traçado um perfil da situação dos solos, afirma o engenheiro agrônomo Rafael Harrig Furlanetto, coordenador técnico de culturas anuais para a região norte do estado.

Multiplicadores - A ideia é que esses produtores, que são referência em suas regiões, se tornem multiplicadores da tecnologia, estendendo-a aos demais através de dias de campo, em um segundo momento. Todo trabalho é orientado pelos pesquisadores da Embrapa Soja de Londrina, Júlio Cezar Franchini e Henrique Debiasi, especializados em sistemas de produção, manejo e fertilidade do solo. Para desenvolver a nova metodologia, a equipe da Cocamar passou por capacitação em janeiro, na Unidade de Difusão de Tecnologia (UDT), em Floresta.

Vantagem - A nova proposta de análise da qualidade física do solo tem a vantagem de ser toda realizada na propriedade. O agrônomo e o produtor coletam uma amostra do solo e fazem a avaliação visual na hora, com custo significativamente menor. Os resultados de todas as unidades serão compilados pela Embrapa e vão ser usados para validar o método DRES.

Auxílio - “Num primeiro momento, todos os produtores serão auxiliados pela equipe técnica da Cocamar nessas análises do solo, recebendo toda orientação para melhorar o manejo de sua área. Mas o objetivo é que o próprio produtor, com o tempo e usando de sua experiência e das tabelas padrões elaboradas pela Embrapa, aprenda a identificar a qualidade física do solo e fazer as intervenções quando necessário”, comenta Furlanetto.

Avaliação - O coordenador destaca que, de forma prática, é possível avaliar o nível de compactação do solo, sua estrutura, qualidade física, desenvolvimento de raízes, infiltração de água e tudo mais, fazendo o diagnóstico dos possíveis problemas e mostrar as alternativas para contornar o problema. “Não adianta usar os melhores defensivos, sementes e fertilizantes se o substrato para o seu cultivo, o solo, não oferece o ambiente adequado para um bom desenvolvimento das plantas”, afirma Furlanetto.

Compactação corrói o lucro do produtor- Dados estatísticos existentes, com base nos métodos tradicionais de amostragem, apontam que cerca de 40% das áreas destinadas a produção no Paraná apresentam limitações significativas na qualidade física do solo, que afetam a produtividade das culturas. Mas praticamente todas as áreas têm algum nível de compactação, afirma Júlio Franchini, pesquisador da Embrapa.

Percentual - Ele cita que a perda de rentabilidade da soja devido à compactação do solo pode chegar a 28%, o que, considerando uma produtividade média de 130 sacas por alqueire (3.200 kg por hectare) significa 36 sacas por alqueire. Ao preço da saca de soja do dia 17/5 (R$ 75), isso representa R$ 2,7 mil por alqueire. No caso do milho a perda é de cerca de 30%. Com uma produtividade média de 250 sacas por alqueire (6 mil kg/ha) isso significa 72 sacas ou R$ 2,88 mil por alqueire (ao preço de R$ 40 a saca). “A compactação come a rentabilidade do produtor, diminuindo suas margens. Ele pode até estar tendo lucro, mas este poderia ser muito maior”, acrescenta.

Invisível” - A Cocamar vê na qualidade física e química do solo um dos principais fatores limitantes para o aumento de produtividade de grãos na região, especialmente a compactação do solo. “A grande dificuldade é que este é um problema invisível. Se o produtor não visualizar uma área comparativa ao lado, em condições ideais, mostrando o que ele poderia estar produzindo, muitas vezes não percebe o problema, a não ser em anos mais secos ou como na última safra, quando chuvas fortes provocam todo esse estrago, com erosões por todo lado por dificuldade de infiltração da água no solo”, diz Franchini.

Manejo - Ao analisar os produtores que obtêm altas produtividades, o gerente técnico Leandro Teixeira observa que os mesmos são preocupados com o manejo do solo. “Aplicar fertilizantes ou outros insumos é mais fácil. Cuidar do solo e fazer um manejo planejado, projetando como quer a propriedade no futuro, dá trabalho e os resultados demoram a aparecer. Mas este é o caminho”, comenta, citando os experimentos que a Cocamar já realiza há anos visando aumentar as produtividades da região.

Dificuldades operacionais- Leandro reconhece que os produtores têm dificuldades operacionais, tendo muitas vezes que plantar e colher com umidades não ideais do solo, mas ressalta que existem tecnologias para contornar o problema e que estas têm sido apresentadas nos dias de campo e na Safratec.

Saiba - “É fundamental que o produtor tenha um diagnóstico da situação e veja onde pode melhorar. A Cocamar já faz um trabalho muito bom de difusão e tem tecnologia para corrigir esses problemas, conforme mostram os resultados dos experimentos feitos na UDT”, lembra Franchini.

Difícil - “Não está difícil melhorar. Não é uma mudança tão grande no sistema e nem são grandes investimentos. É só planejar melhor, com orientação técnica. Não dá para melhorar a produtividade sem fazer nada”, alerta o pesquisador, ressaltando que a degradação da qualidade física do solo é progressiva, só piora, e tende a diminuir cada vez mais a produtividade.

Braquiária é solução - A intervenção mecânica é o caminho mais curto, mas geralmente só agrava o problema quando se torna a única técnica utilizada. Se o grau de compactação for bastante elevado, pode-se usar escarificador e subsolador, mas tem que associar com práticas biológicas como rotação de culturas e cobertura do solo. “Tem que ter raiz no sistema ajudando a recuperar a estrutura do solo. Só a raiz cria a condição apropriada para a recuperação do solo e tem que ser uma raiz agressiva, como a da braquiária”, afirma o pesquisador da Embrapa, Júlio Franchini.

Efeitos - Há três anos a Cocamar vem avaliando os efeitos da compactação do solo e da diversificação e rotação de culturas em 3,2 hectares na UDT, em Floresta, em parceria com a Embrapa. São 14 tratamentos envolvendo estratégias de rotação de culturas e intervenções mecânicas. Há outro experimento com calagem e gessagem feito em parceria com a UEM, há dois anos. Os melhores resultados em aumento de produtividade da soja foram obtidos após o cultivo de braquiária solteira ou em consórcio com milho segunda safra.

Melhores resultados - Mas em termos de produtividade acumulada de soja e rentabilidade do sistema de produção, os melhores resultados foram conquistados com a sequência de cultivo: braquiária solteira/soja seguida de duas safras de milho solteiro/soja. Resultados bastante semelhantes foram obtidos com a sequência de dois anos de milho+braquiária/soja com mais um de milho solteiro/soja e a de três anos consecutivos de milho+braquiária/soja, aponta Edner Bertoli Junior, engenheiro agrônomo responsável pela UDT. 

Fonte: Cocamar