Um rito de passagem. O fim de um ciclo. A entrevista coletiva que o
goleiro Jackson Follmann concedeu na manhã desta terça-feira
(dia 24 de janeiro), ao dar alta do Hospital Unimed Chapecó, onde permaneceu 37
dias internado, foi impregnada de muita emoção.
Como um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que vitimou 71 pessoas
da delegação da Associação Chapecoense de Futebol – entre jogadores,
dirigentes, comissão técnica, empresário e jornalistas – no dia 29 de novembro
passado, na Colômbia, Follmann foi o último a deixar o hospital.
Acompanhado dos médicos Carolina Ponzi, Edson Stakonski, Marcos Sonagli
e Juliana Foresti, o jogador era só alegria. Os pais e a companheira Andressa
assistiram ao encontro com a imprensa. (VEJA BOLETIM
MÉDICO ABAIXO).
Disse estar com o “coração apertado” com a saída do hospital e fez
muitos agradecimentos aos médicos e enfermeiros do Hospital. “Quero sair,
respirar, comer um churrasco, conviver com minha família”.
Jackson Follmann demonstrou otimismo e força de vontade, atitude que foi
determinante na recuperação dele, segundo os médicos. “O mundo não acabou. Vou
sair em busca de meus projetos. Procuro a felicidade e vou sair em busca dela.”
Sobre o futuro, observou “o que eu sabia fazer era jogar futebol”. Ele
espera voltar a colaborar com a Chapecoense em uma função técnica.
Uma jornalista o cumprimentou por tratar com naturalidade as marcas da
tragédia (perna direita amputada abaixo do joelho, entre outras lesões) durante
sua primeira aparição pública, no amistoso entre Chapecoense e Palmeiras, na
Arena Condá. Ele assentiu que isso não será problema para ele. “Levo muito ao
natural, porque chorando, rindo ou desesperado, a perna não vai voltar”.
Ao final da coletiva, entregou flores aos médicos e a uma representante
do corpo de enfermagem, em sinal de agradecimento. Follmann pediu uma salva de
palmas aos profissionais do hospital (“muitos anjos cuidaram de mim”) e foi
prontamente atendido pelos jornalistas.
A emoção tomou conta de todos. “Somos treinados para lidar com outro
tipo de dor”, explicou a diretora hospitalar Carolina Ponzi, “não exatamente
com a dor da comoção”.
O goleiro ainda cantou – a pedido de um repórter – para encerrar a
coletiva, recebendo muitos aplausos.
Follmann viaja ao Rio de Janeiro onde assiste ao amistoso Brasil X
Colômbia em favor das vítimas da Chapecoense nesta quarta-feira e depois segue
a São Paulo, onde inicia na segunda-feira (30) os procedimentos para a
instalação de uma prótese para a perna direita no Centro Marian Weiss,
especializado em amputados.
ÚLTIMO BOLETIM MÉDICO EMITIDO
PELO HOSPITAL UNIMED CHAPECÓ
Após autorização expressa do paciente, emitimos o seguinte boletim
médico.
O paciente JACKSON RAGNAR FOLLMANN internou no Hospital Unimed Chapecó em 17 de dezembro de 2016, após
politraumatismo em acidente aéreo do dia 29 de novembro de 2016.
Nesta instituição foi submetido ao fechamento do coto de amputação da
perna direita, com preparo para a protetização, e também foi submetido à
artrodese do tornozelo direito, com colocação de haste.
Recebeu tratamento para osteomielite pós-traumática, e também recebeu
enxerto de pele no tornozelo esquerdo.
O paciente não apresentou intercorrências clínicas relevantes durante a
internação e recebeu acompanhamento de equipe multidisciplinar, constituída por
médicos de diversas especialidades, enfermagem especializada em lesões de pele,
psicóloga, fisioterapeutas, fonoaudióloga e odontóloga.
O plano terapêutico após a sua alta hospitalar é seguir com a
fisioterapia motora, para fortalecimento muscular e ganho de massa magra, e
também adaptação de prótese em membro inferior direito, o que ocorrerá na
cidade de São Paulo, com previsão de início deste processo no próximo dia 30 de
janeiro.
Também deverá dar continuidade ao tratamento fonoaudiológico,
nutricional e psicológico.
Na qualidade de diretora hospitalar da Unimed Chapecó, deixo meu
agradecimento a todos os médicos cooperados e colaboradores que participaram
direta ou indiretamente do tratamento deste paciente, sempre atentos à
filosofia de humanização e excelência técnica desta instituição.