Acesso ao crédito rural desafia progresso tecnológico do agro brasileiro «Voltar

Referência mundial em produção, o agronegócio brasileiro tem um grande desafio para a próxima década: incorporar ainda mais tecnologia ao campo para seguir ganhando produtividade e novos mercados. Para tanto, será preciso ampliar investimentos, não só no custeio da produção, mas em máquinas mais eficientes, melhoramento genético, combate de pragas, armazenagem, industrialização e transporte. A tarefa requer planejamento de longo prazo e mais crédito disponível para o agricultor, além de linhas de financiamento facilitadas.

Para reduzir o impacto do clima na produção, é preciso investir em pesquisa, em biotecnologia e genética para o desenvolvimento de variedades de sementes mais resistentes. Para proteger as lavouras de pragas, não basta ter acesso aos defensivos mais adequados, é preciso ter ao alcance o equipamento correto para pulverizar a lavoura de forma eficiente e segura.

“E tudo tem prazo. A agricultura não para, e não é possível iniciar uma safra sem acesso a insumos, fertilizantes, sementes e agroquímicos, e sem ter dinheiro disponível na conta. O crédito é essencial”, defende o gerente agrícola da Castrolanda Cooperativa Agroindustrial, Márcio Copacheski.

Mas quando o assunto é acesso a financiamento para o agronegócio, o sistema cooperativista sai na frente. Com sede em Castro, na região dos Campos Gerais do Paraná, a Castrolanda mantém um minucioso registro de todos os seus cooperados para facilitar e acelerar a tomada de crédito para custeio ou modernização. Responsável pelo faturamento de R$ 2,83 bilhões ao ano, a cooperativa gera quase 3 mil empregos diretos e congrega 878 produtores rurais.

“Quando encaminhamos esse pré-cadastro do produtor para uma instituição financeira, já o colocamos alguns quilômetros à frente do produtor individual, que tem que fazer tudo isso com suas próprias mãos e pernas. Nas épocas em que são divulgadas as políticas de governo para custeio de safra, aconselhamos todos a deixarem a documentação pronta com antecedência, para que possam acessar as linhas de crédito em uma velocidade maior”, completa Copacheski.

Segundo o diretor de Produtos de Varejo da Caixa Econômica Federal em Brasília (DF), Humberto Magalhães, a tomada de crédito cresceu nesta temporada. O valor contratado em financiamento rural acumulou acréscimo de 5,6% – passando de R$ 2,514 bilhões até janeiro de 2017, para R$ 2,657 bilhões até janeiro deste ano. “A Caixa conta ainda com um orçamento de R$ 6 bilhões em operações de crédito rural até o final do ano agrícola, que já estão disponíveis, inclusive, para operações de custeio antecipado da Safra 2018/19”.

Planejamento

No caso da Caixa, a maior demanda por crédito é para custeio agropecuário, englobando despesas com compra de insumos, tratos culturais e colheita. Mas o banco também oferece linhas específicas para aquisição de bens e serviços, tanto para o produtor, quanto para as cooperativas e agroindústrias. “Nos próximos anos, o planejamento do crédito para novos equipamentos e tecnologias será essencial para ganhar produtividade e obter ainda mais sucesso no campo”, defende o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira.

Nesse quesito, as cooperativas também se destacam. Na Castrolanda, por exemplo, existe um planejamento de rentabilidade das culturas para que o agricultor possa ter certeza que conseguirá pagar a parcela de uma máquina sem comprometer a sustentabilidade da propriedade. Toda aplicação de recurso é orientada de perto pelos setores técnicos e de produção. “Porque a capacidade de investimento de um agricultor é baseada na sua capacidade de geração de renda”, completa Copacheski.

Fonte: Portal do Agronegócio com informações da Broadcast Agro