COOPERATIVISMO: ALIANDO TEORIA E PRÁTICA «Voltar

 O cooperativismo é um modelo de negócio que alia desenvolvimento social e econômico, teoria e prática. Por isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) se uniram para estimular a produção científica com foco nas cooperativas e, ainda, aproximar os pesquisadores do dia-a-dia dos cooperados brasileiros.

Na primeira chamada pública organizada pelo Sescoop e CNPq, o número de inscrição superou as expectativas. No total, 374 projetos de pesquisa garantiram sua participação na seleção, que escolherá 28 trabalhos, cujos autores receberão um estímulo financeiro para o custeio das pesquisas, além de bolsas. O valor total destinado aos projetos a serem selecionados é R$ 2,7 milhões.

Segundo a diretora de Engenharia, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Adriana Tonini, como o cooperativismo é uma área relativamente nova no cenário de pesquisas acadêmicas e também no âmbito do CNPq o número de projetos inscritos impressionou.

“Por ser uma área inovadora, acreditávamos que a comunidade teria, sim, interesse em participar da seleção. Assim, atuamos de forma bem intensa no sentido de divulgar a chamada, em várias frentes e de diversas maneiras, junto a universidades e centros de pesquisa. O resultado foi, realmente, muito expressivo”, avaliou.​​
 

EIXOS

Os projetos de pesquisa devem estão alinhados aos seguintes eixos:

a) Impactos econômicos e sociais do cooperativismo nas comunidades e no país. Neste eixo foram inscritos 151 projetos;
b) Competitividade e inovação nas cooperativas, com 139 intenções de pesquisa;
c) Governança cooperativa, que contou com 67 inscrições;​
d) Cooperativismo e cenário jurídico, com 17 projetos inscritos.​​
 

REGIÕES

Essa chamada de trabalhos de pesquisa científica também foi um sucesso em relação à participação de pesquisadores de todas as regiões do país. O Sul, por exemplo, foi a região que mais inscreveu projetos. No total, os pesquisadores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul completaram com sucesso o registro de 133 projetos. No ranking, as demais regiões aparecem nas seguintes posições: Sudeste (103), Nordeste (69), Centro-Oeste (36) e Norte (33).​​
 

PRÓXIMOS PASSOS

Os projetos inscritos entrarão, em breve, na fase de análise. Para saber do resultado final, fique atento às atualizações do site do CNPq.​Confira, abaixo, a entrevista realizada com a diretora de Engenharia, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Adriana Tonini:​​
 

​Como a senhora avalia o interesse dos pesquisadores pelo cooperativismo?​

Adriana Tonini - Nossa avaliação é extremamente positiva, especialmente se considerarmos a distribuição da temática nas quatro linhas (impactos econômicos e sociais do cooperativismo nas comunidades e no país; competitividade e inovação nas cooperativas, governança cooperativa e cooperativismo e cenário jurídico).

Essa divisão por linhas permitiu despertar, no pesquisador, o interesse dentro de sua área de pesquisa para a submissão das propostas e, ainda, promover uma distribuição regional, o que explica a quantidade significativa do número de propostas, que representam significativamente o mapa do nosso país, pois recebemos inscrições de todas as regiões.​​
 

O número de projetos inscritos era esperado? Como o CNPq avalia a demanda?

Adriana Tonini - Como o cooperativismo é uma área relativamente nova no cenário de pesquisas acadêmicas e também no âmbito do CNPq, o número de projetos inscritos superou nossas expectativas. Contudo, por ser uma área inovadora, acreditávamos que a comunidade teria, sim, interesse em participar da seleção. Assim, atuamos de forma bem intensa no sentido de divulgar a chamada, em várias frentes e de diversas maneiras, junto a universidades e centros de pesquisa. O resultado foi, realmente, muito expressivo. ​​
 

A chamada representa um avanço na aproximação entre as cooperativas e as instituições de ensino e pesquisa?

Adriana Tonini - Com certeza! Conforme comentei anteriormente, o tema cooperativismo é algo novo e, considerado a grande demanda que tivemos nesta chamada, podemos inferir que o assunto estava carente de investimentos que estimulassem a pesquisa e, em consequência disso, as descobertas que fortaleçam a atuação das cooperativas de maneira sustentável. Acredito que conseguimos atender aos anseios reprimidos de um grupo grande de pesquisadores, em todo o território nacional, o que pode ser constatado pela inscrição de projetos localizados nas cinco regiões do país.​​
 

De que forma o CNPq enxerga esse relacionamento entre academia e cooperativas?

Adriana Tonini - Nós, do CNPq, não vemos outro caminho para a transferência e a difusão de tecnologia e, ainda, para a geração de produtos, processos e serviços inovadores que não seja por meio das parcerias entre academia e institutos de pesquisa. E, agora, com esse estímulo do movimento cooperativista, uma nova fronteira se abre, nos auxiliando na nossa missão, que é a de fomentar a Ciência, Tecnologia e Inovação e atuar na formulação de suas políticas, contribuindo para o avanço das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento sustentável e a soberania nacional.​​
 

Em sua opinião, por que é tão importante para o cooperativismo investir em pesquisa?

Adriana Tonini - Porque esse investimento trará benefícios à sociedade como um todo, afinal, as cooperativas são responsáveis por promoverem o desenvolvimento econômico e social tanto dos seus cooperados quanto das comunidades onde estão inseridas. Além disso, espera-se também que essas pesquisas contribuam para o aprimoramento e melhoria da gestão econômica e social dessas organizações. 
 

Que mensagem deixaria aos pesquisadores inscritos na chamada ou que buscam mais incentivos para desenvolver pesquisas sobre o cooperativismo?

Adriana Tonini - Bem, nós sabemos que, devido ao valor total da chamada, apenas cerca de 7% de todas as propostas inscritas serão efetivamente aprovadas e, assim, custeadas. Por isso, gostaria de dizer aos pesquisadores que ainda não foram contemplados que busquem formas de implementar suas propostas de pesquisas. Agindo assim, eles estarão contribuindo para a geração de novos conhecimentos e propiciando, ainda, avanços teóricos e metodológicos acerca do cooperativismo.

Para além disso, esperamos poder lançar, em breve, novas chamadas que oportunizem contemplar outras propostas, afinal de contas, temos a certeza de que grande parte dos projetos inscritos tem potencial para impactar, positivamente, essa área de conhecimento.

Por fim, gostaria de destacar nosso agradecimento a todos os pesquisadores que participaram desse processo. Na medida em que as ideias forem saindo do papel, por meio da execução das pesquisas em si, teremos a certeza de que valeu a pena. Com o interesse dos pesquisadores e com as informações das cooperativas o Brasil inteiro só tem a ganhar... e muito.

Fonte: OCB