Crianças cultivam alimentos livres de agrotóxicos «Voltar

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar em todas as idades. Foi esse Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que inspirou a Cooperativa Educacional de Maceió (Coopema) a iniciar o projeto Verde Vivo na Minha Escola, em 2018.

O trabalho reúne 230 pessoas, dentre elas estudantes, professores e funcionários, todos voluntários. A proposta é ensinar as crianças de seis a onze anos sobre o plantio de hortaliças livres de agrotóxicos para consumo próprio. O projeto começou em julho e tem previsão de colheita em dezembro. Especificamente duzentos e oito estudantes, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, integram o programa.

De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome em média sete litros de veneno por ano, o que resulta em mais de 70 mil intoxicações agudas e crônicas em igual período. “Nós queremos trazer para as crianças o propósito de desenvolvimento sustentável e de vida saudável. Desde pequenos eles vão saber como produzir e como consumir determinados alimentos”, disse Fátima Monteiro, cooperada da Coopema e coordenadora voluntária do projeto.

O cultivo acontece nas dependências do Colégio São Lucas, em Maceió, Alagoas. Um canteiro foi produzido pelos colaboradores da instituição e os estudantes foram as responsáveis por confeccionar os vasos, plantar, adubar e aguar as hortaliças. Foram cultivados alface, coentro, cebolinha, rúcula, manjericão e beterraba, com adubação orgânica e com irrigação manual. A colheita será para consumo das crianças na cantina do ensino integral.

Thelmo Moraes, engenheiro agrônomo responsável por instruir e acompanhar os estudantes durante o cultivo, explica que sustentabilidade é a palavra-chave. “Além de utilizar garrafas pet como vasos e regadores, estamos reaproveitando casca de ovo e pó de café na adubação. As crianças fizeram todo o trabalho de confecção dos vasos e regadores e estão ansiosas para a hora da colheita e do consumo”, afirma.

Durante a grande celebração do Dia de Cooperar 2018, os estudantes receberam lápis enviados pelo Sistema OCB Nacional onde continham sementes na ponta que também foram aproveitadas no projeto. “A ideia foi sugerida pelo Sistema OCB/AL e nós a aprimoramos introduzindo mais hortaliças. Plantamos as sementes de rúcula, véu-de-noiva e agrião que vieram nos lápis, e gostamos tanto da ideia que decidimos ampliar e tornar essa ação em uma atividade continuada”, explicou Fátima Monteiro.

De acordo com a coordenadora, o projeto não se restringirá às dependências do colégio. A ideia é que as crianças aprendam a cultivar e levem esses ensinamentos para suas casas, passando a plantar e a consumir alimentos mais saudáveis. “Muitas crianças vivem em apartamentos. Aqui elas estão tendo contato com a terra e, com o aprendizado adquirido, podem plantar dentro dos limites do espaço onde residem”.

Maria Roberta, de 8 anos, aprovou a iniciativa do colégio. “Eu fiquei muito feliz quando o tio Thelmo veio plantar com a gente. Eu moro em apartamento e planto algumas coisas, mas aqui eu posso muito mais. Eu me sinto uma jardineira de verdade”, disse a estudante.

Para Roney Daniel, 8 anos, o sabor do alimento é diferente quando plantado com as próprias mãos. “Depois do projeto eu passei a plantar em casa também. A gente planta e come. Até parece mais gostoso porque sou eu que planto. O momento que eu mais gosto do dia é quando eu venho no canteiro para cuidar das plantinhas. Eu me sinto aliviado”, disse.

Para Flávio Feijó, presidente da Coopema, o desenvolvimento sustentável faz parte do processo de educação ambiental desenvolvido na escola. “Trabalhamos com nossos estudantes a sustentabilidade e o bem-estar, mas agora temos a oportunidade de sair da teoria e ir para a prática, onde a criança pode fazer o plantio e acompanhar o crescimento da planta, tudo com apoio técnico de especialista”, frisou.
 

(Fonte: Sistema OCB/AL)